sexta-feira, 2 de julho de 2010

Bola pra frente...

Bola pra frente...

Estavam (quase) todos lá.
Otávio, Carlos Eduardo, Gérson...
Cristina rapidamente identificou todos eles no meio das oitenta pessoas naquela festa.Ela era boa fisionomista, assim, sempre reconheceu os seus ex-namorados e era a primeira a avistar os "ex"das amigas, independente do lugar e do número de pessoas.
Mas naquela festa, ela se sentia como um treinador na Copa do Mundo e pensou no que a tinha levado a escalar aqueles sujeitos para o time CCA, ou seja, Cristina Clube de Afetos.
Ela rapidamente se lembrou da identificação cibernética que teve com Otávio, através das mensagens instantâneas que o site de relacionamentos proporcionou. Ele era zen, separado, bom pai, aparentemente inteligente e bem encaminhado profissionalmente. Namoraram por três meses e , por diferenças inconciliáveis, terminaram.
Cristina, da mesma forma que as câmeras de tv fazem antes dos jogos começarem, passou o seu foco para o jogador seguinte.
Era o Carlos Eduardo. Ele era altíssimo, moreno e um pouco acima do peso. Lembrou do dia em que ele a tirou pra dançar no Rio Scenarium e imediatamente engataram um tórrido romance de uma semana. Teve de tudo nesse período: muitas conversas, cinema, jantares, a casa dela a casa dele e sexo bom. Assim, um ciclo rápido e, por muitas razões prováveis, interrompido. Se esbarraram algumas vezes, trocaram telefonemas e emails e, surpreendemente, ficaram quase amigos.
Corta.
Câmera no Gérson: homem, bonito, inteligente e encantador. Ele vestiu o uniforme de príncipe com a qual Cristina sempre sonhou. Passados alguns meses, a sua posição, no entanto, foi se transformando na de um sapo com S de nada sadio. Obssessivo com o trabalho, crítico com os filhos dela, as roupas dela, os seus amigos, intolerante e preconceituoso. No entanto, ainda encantador para a maioria das pessoas.
De repente, Cristina se perguntou o que aquelas criaturas tão diferentes estariam fazendo na mesma festa. Foi aí que ela se lembrou: era a sua festa surpresa de 40 anos. Ahhh! Mas quem os convidou?
Não importa. Agora, é só partir para uma nova escalação, pois uma coisa é inquestionável: treino é treino, jogo é jogo.

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